A obra de Lygia Pape
Ttéia
Biografia
Nascida em Nova Friburgo – RJ em 1927, e falecida no Rio de Janeiro – RJ em 2004, Lygia Pape foi escultora, gravadora e cineasta.
Em 1953 pertenceu ao Grupo Frente, grupo artístico brasileiro considerado um marco no movimento construtivo das artes plásticas. Durante os cinquenta anos de atuação nesse grupo, juntamente ao demais artistas amadureceu as divergências poéticas com os concretistas de São Paulo, até chegarem à divergência de opiniões Neoconcreta, formalizada através de um manifesto e em uma exposição no ano de 1959. Lygia afirmava que "no neoconcreto a ideia de "inventar" coisas novas seria uma postura revolucionária que não implicava nem em política nem em participação".
Em 1960 trabalhou com roteiros, montagens e direções cinematográficas. Produziu a programação visual de filmes do cinema novo. Ainda nesse ano, produziu esculturas em madeira e realizou o Livro-Poema, composto de xilogravuras e poemas concretos.
Em 1971, produziu o curta-metragem O Guarda-Chuva Vermelho, sobre Oswaldo Goeldi. E em 1980 foi para Nova York com bolsa de estudo da Fundação Guggenheim. Na década de 90, com bolsa da Fundação Vitae, realizou o projeto Tteias, no qual combina luz e movimento.
Em 2004, é fundada a Associação Cultural Projeto Lygia Pape, idealizada pela própria artista e dirigida por sua filha Paula Pape.
Como exemplo de suas principais obras, podemos citar Carandirú, Narizes e Línguas e Ovos do Vento.
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Utilizando fibra de vidro e água corrente, Lygia Pape cria uma cachoeira vermelha, cuja base, para onde o líquido escorre, tem a forma do Manto Tupinambá. A obra faz referência ao evento ocorrido em 1991, associando desta forma, a imagem dos presos à do povo indígena dizimado. A dimensão da obra é de 5m x 6m x 3m.

Dispondo pães, madeira, arame e cheiros, Lygia Pape explora a oposição entre o que o olho vê ou o nariz cheira e o que o corpo sente. É uma obra que se refere às campanhas contra a fome em todo o mundo.

Utilizando sacos de plástico, bolas de borracha e néon, Lygia Pape cria uma espécie de trincheira através dos efeitos de luz, cor e transparência. Na percepção da artista, a obra, apesar de ser constituída por materiais frágeis, era forte enquanto ideia. Através da dimensão variada, a criadora faz uma homenagem aos sandinistas.
A Obra
Produzida em 2002, na última etapa da carreira de Lygia, a obra com o nome de Tteia faz alusão a "teia" e a "tetéia” (uma palavra coloquial para denominar pessoa ou coisa graciosa).
Diferentemente da maioria das obras de Inhotim, a iluminação e ventilação natural não interessavam essa obra, já que se tratava de uma obra de luz, que exigia um prédio totalmente fechado.
Na Ttéia é possível identificar o desdobramento da linguagem geométrica em sua estrutura externa, e essa falta de direcionalidade faz ligação com a obra interna.
Após atravessar o corredor escuro, nos deparamos com feixes de luz produzidos através de fios dourados. As extremidades das cordas ficam presas por plataformas quadradas no chão e no teto. O jogo de luzes torna imperceptível o encaixe e dá a impressão de que os fios são os próprios feixes luminosos.
Em 2009, a instalação impressionouo público e a crítica na 53ª Bienal de Veneza. A obra também foi montada no Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofía, em Madri, e na Pinacoteca de São Paulo, em uma grande retrospectiva de sua obra intitulada Espaço Imantado.
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O prédio de concreto foi projeto do escritório de arquitetura Rizoma, de Belo Horizonte

O cubo tem as dimensões de 21x21m de comprimento e 6m de altura.

O prédio construído para essa obra parece se contorcer na mesma frequência.

A forma geométrica assimétrica, completamente vedada, oferece à obra a escuridão necessária para que seus detalhes possam ser apreciados.

Os fios, finos e maleáveis, são comparados á uma linha dourada, porém são revestidos por aço.

Os pregos de latão, fixados no chão e no teto, tem uma distância de aproximadamente 1cm entre eles.

É uma obra sem direcionalidade, que induz o visitante a circular em seu redor, revelando gradualmente novos fios de luz.

A disposição geométrica dos fios trabalha junto à iluminação precisa.

Foram gastos para fazer a toda a obra cerca de 5 mil metros de fio.